“Se somos afligidos, é para vossa consolação e salvação” (2Cor 1,6a): os catálogos de perístases e o conceito de resiliência em Paulo na Segunda Carta aos Coríntios
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo tem como escopo revisitar os catálogos paulinos de perístases na segunda carta do apóstolo aos coríntios. Ali se encontra uma nova perspectiva, a partir do diálogo interdisciplinar entre bíblia, psicologia e espiritualidade, útil para a compreensão da resiliência sob a ótica cristã, como se deduz do ministério do apostolo das nações. O conceito resiliência, usado primeiramente na física e, posteriormente, na psicologia, psicanálise, e sociologia, hoje se encontra em várias abordagens hermenêuticas das realidades individuais e de grupo em que as pessoas são chamadas a enfrentar situações adversas como relacionamentos difíceis, doenças, problemas econômicos etc. A análise dos catálogos paulinos de perístases, não somente demonstra que o apóstolo é um modelo de comportamento resiliente, mas também revela os lados de um arco hermenêutico cuja origem é a vocação que ele recebeu de Cristo e cujo alvo a ser alcançado é a consolação e salvação dos Coríntios. Tal constatação recorda mais uma vez a relevância dos ensinamentos de Paulo para uma vida interior ancorada em uma espiritualidade da resiliência em tempos atuais.
Downloads
Detalhes do artigo
Submeto (emos) o presente trabalho, texto original e inédito, de minha (nossa) autoria, à avaliação de Horizonte - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, e concordo (amos) em compartilhar esses direitos autorais a ele referentes com a Editora PUC Minas, sendo que seu “conteúdo, ou parte dele, pode ser copiado, distribuído, editado, remixado e utilizado para criar outros trabalhos, sempre dentro dos limites da legislação de direito de autor e de direitos conexos”, em qualquer meio de divulgação, impresso ou eletrônico, desde que se atribua créditos ao texto e à autoria, incluindo as referência à Horizonte. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado, o (s) autor (es) e empresas, instituições ou indivíduos.
Reconheço (Reconhecemos) ainda que Horizonte está licenciada sob uma LICENÇA CREATIVE COMMONS - ATTRIBUTION 4.0 INTERNATIONAL (CC BY 4.0):
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Por isso, PERMITO (PERMITIMOS), "para maximizar a disseminação da informação", que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Referências
ARAÚJO, Ceres A., Novas ideias em resiliência. Revista Hermes, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 85-95, 2006.
BARBAGLIO, Giuseppe. Paolo di Tarso e le origini cristiane. Assisi: Cittadella Editrice, 1985.
BARBAGLIO, Giuseppe. San Paolo, Lettere: lettere autentiche. Milano: Biblioteca Universale Rizzoli, 1997.
BERGER, Klaus. As formas literárias do Novo Testamento. São Paulo: Loyola, 1998.
BIANCHINI, Francesco. Seconda lettera ai corinzi. Introduzione, traduzione e commento. Cinisello Balsamo: Edizioni San Paolo, 2015.
BONANNO, George A.; DIMINICH, Erica D. Annual research review: positive adjustment to adversity-trajectories of minimal-impact resilience and emergent resilience. Journal of Child Psychology and Psychiatry, Cambridge, v. 54, n. 4, p. 378-401, 2013.
BRANDÃO, Juliana M.; MAHFOUD, Miguel; GIANORDOLI-NASCIMENTO, Ingrid F. A construção do conceito de resiliência em psicologia: discutindo as origens. Paideia, Ribeirão Preto, v. 21, n. 49, 263- 271, 2011.
EARLS, Felton; BEARDSLEE, Willian; GARRISON, William. Correlates and predictors of competence in young children. In E. J. Anthony & B. J. Cohler (Orgs.). The invulnerable child. New York: The Guilford, 1987, p. 70-83.
ELOY E SILVA, Luís Henrique. O Perdão como separação do ato. Hermenêutica e ressignificação do construto em Mt 18,21-22 e no discurso psicanalítico. Pistis & Práxis, Curitiba, v. 9, n. 1, p. 351-370, 2017.
ESTAMATI, Mirta. Programas em saúde mental comunitária. In A. Melillo; E. N. S. Ojeda (Orgs.). Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas, Porto Alegre: Artmed, 2005, p. 151-160.
FITZGERALD, John T. Cracks in an Earthen Vessel: An Examination of the Catalogues of Hardships in the Corinthian Correspondence. Atlanta: Scholars Press, 1988.
FRIDRICHSEN, Anton. Zum Stil des paulinischen Peristasenkatalogs: 2 Cor. 11, 23ff. Symbolae Osloenses, Oslo, v. 7, p. 25-29, 1928.
FRIDRICHSEN, Anton. Peristasenkatalog und res gestae: Nachtrag zu 2 Cor. 11, 23ff. Symbolae Osloenses, Oslo, v. 8, p. 78-82, 1929.
GARMEZY, Norman. (1991). Resilience in children’s adaptation to negative life events and stressed environments. Pediatric Annals, Thorofare, New Jersey, v. 20, n. 9, p. 459-466, 1991.
GLANCY, Jennifer A. Boasting of Beatings (2 Cor. 11:23-25), Journal of Biblical Literature, Atlanta, Georgia, v. 123, n. 1, p. 99-135, 2004.
GROTBERG, Edith. A Guide to Promoting Resilience in Children: Strengthening the Human Spirit. Hague: Bernard Van Leer Foundation, 1995.
HENDERSON, Nan; MILSTEIN, Mike M. Resiliencia en la escuela. Buenos Aires: Paidós, 2003.
KAMLAH, Ehrhard. Wie beurteilt Paulus sein Leiden?. Zeitschrift für die neutestamentliche Wissenschaft, Berlin, v. 54, n 3-4, p. 217-232, 1963.
LAMBRECHT, Jan. Second Corinthians. Collegeville, Minnesota: Liturgical Press, 1999.
LÖSEL, Friedrich; BLIESENER, Thomas; KÖFERL, Peter. On the Concept of "Invulnerability": Evaluation and First Results of the Bielefeld Project. In: BRAMBRING, Michael; LÖSEL, Friedrich; SKOWRONEK, Helmut. Children at risk: Assessment, Longitudinal Research and Intervention. New York: De Gruyter, 1989, p. 186-229.
LUTHAR, Suniya S.; BROWN, Pamela J. Maximizing resilience through diverse levels of inquiry: prevailing paradigms, possibilities, and priorities for the future. Development and Psychopathology, Cambridge, v.19, n. 3, p. 931-949, 2007.
LUTHAR, Suniya S.; CICCHETTI, Dante.; BECKER, Bronwyn. The construct of resilience: a critical evaluation and guidelines for future work. Child Development, Hoboken, New Jersey, v. 71, n. 3, p. 543-562, 2000.
MASTEN, Ann S. Resilience Process in Development. American Psychologist, Washington, v. 56, n. 3, p. 227-238, 2001.
MASTEN, Ann S. Resilience in development systems: progress and promise as the fourth wave rises. Development and Psychopathology, Cambridge, v. 19, n. 3; p. 921-930, 2007.
MELILLO, Aldo. Realidad social, psicoanálisis y resiliencia. In: MELILLO, Aldo; SUÁREZ OJEDA, Elbio Néstor; RODRÍGUEZ Daniel. Resiliencia y subjetividad. Los ciclos de la vida. Buenos Aires: Paidós, 2004, p. 63-75.
PITTA, Antonio. La seconda lettera ai corinzi. Roma: Borla, 2006.
POLK, Laura V. Toward a middle-range theory of resilience. Advances in Nursing Sciences, Philadelphia, v. 19, n. 3, p. 1-13, 1997.
PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. A Interpretação da Bíblia na Igreja. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1993. Disponível em https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html
RUTTER, Michael. Resilience: some conceptual considerations. Journal of Adolescent Health, Amsterdam, v. 14, n. 8, p. 626-631, 1993.
SCHRAGE, Wolfgang. Leid, Kreuz und Eschaton: Die Peristasenkatologe als Merkmale paulinischer theologia crucis und Eschatologie. Evangelische Theologie, Gütersloh, v. 34, p. 141-175, 1974.
WERNER, Emmy E.; SMITH, Ruth S. Vulnerable but Invincible: A Longitudinal Study of Resilient Children and Youth. New York: Adams, Bannister and Cox, 1989.
WERNER, Emmy E.; SMITH, Ruth S. Overcoming the Odds: High Risk Children from Birth to Adulthood. Ithaca, New York: Cornell University Press, 1992.