Fronteiras semânticas: o dialogismo das linguagens rituais pentecostais e umbandistas – uma análise das expressões gestuais
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Abstract
O espaço ritual constitui-se num locus sagrado de festa. No palco religioso, o sentimento de reconhecer-se cheio do Espírito Santo ou incorporado pelas Entidades reescreve, no próprio corpo do sujeito, a autenticidade de sua tradição mitológica. Simultaneamente, a experiência religiosa reatualiza o poder dessa tradição. E são várias as formas em que a narrativa mítica emerge, vindo à tona e tornando-se tangível à percepção e à emoção. E, neste sentido, a cultura desempenha um papel fundamental: ela é o elo a promover o encontro entre as verdades da crença e as experiências religiosas. Michel Meslin assinala que a religião só alcança o homem através das mediações culturais de seu tempo. Entre essas também variadas “mediações culturais” está a música, com seus gêneros, ritmos e uma força simbólica capaz de funcionar como chave, abrindo as portas das sensibilidades. Para além dos cânticos – mas a eles conexos –, a experiência do transe ritual é um dispositivo de mediação cultural ainda mais poderoso: um dínamo de emoções liturgicamente sacralizadas. Este sentimento religioso de alegria tem suas bases na estrutura do sistema de crenças, e, assim, até a cantiga que coadjuva e complementa os ritos, consubstancia seu status sagrado. Musicalizando o Sagrado, essa arte expressiva de fé e também de cultura potencializa ainda mais o sentimento social de pertença à comunidade religiosa do indivíduo, que também vê alimentada sua esperança de vida. Este trabalho se envereda na trilha da experiência religiosa, em seus percalços sinuosos. Nesse caminho, a intenção é compreender um pouco o funcionamento das engrenagens simbólicas que conferem sentido às manifestações performáticas vividas por pentecostais e umbandistas, em dois grupos religiosos específicos. E, ao analisar a relação entre a dinâmica ritual desses cultos e a produção de sentidos operada nas linguagens gestuais dos sujeitos da crença, refletimos sobre os diálogos semânticos rituais que, construindo experiências de espiritualidade, reconstroem também experiências de vida. ɠquando a divergência das cosmovisões sucumbe à convergência dos significados religiosos.
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