A "Religião" do jornalismo
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Resumo
Resumo
Este artigo analisa a ocorrência cotidiana, nas redações de jornal, de inúmeras manifestações “laicas” da religiosidade (na concepção simmeliana, é uma capacidade humana que engloba a totalidade da existência e lhe confere sentido). O autor trabalhou, durante cinco anos, nas redações dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. das observações, anotadas num diário de campo, entrevistas e levantamento de dados, resultou uma “repor-tese” – uma reportagem que virou doutorado. Não há no jornalismo um componente religioso formal. Mas, por predisposição pessoal, ethos da profissão ou tradição, a religiosidade do jornalista secreta um sentido de promoção da verdade e da justiça. A empresa jornalística exerce uma peculiar onipotência ao selecionar acontecimentos que considera dignos de ser publicados. A ancoragem da imprensa no tempo lhe confere certa eternidade, pois a sucessão ininterrupta de edições configura um retorno ao eterno presente. Conclui-se que a característica “religiosa” do jornalismo se manifesta sob forma de rituais de lugar e tempo, de pessoas e falas e também como mística da vocação, da missão e do sofrimento. Essas condições também podem ser usadas como um disfarce “heróico” na exploração do trabalhador.
Palavras-chave: Jornalismo; Fenômeno religioso; Ritual; Mística.
Abstract
This article analyses the daily occurrence of multiple secular manifestations of religiousness in newspapers editorial rooms (according to Georg Simmel, it is a human capacity that involves the whole existence and endows it with sense). The author worked for newspapers Folha de S. Paulo and O Estado de S. Paulo for five years. From his observations, written down in a diary, interviews and collected data, he wrote a “reporthesis” – a newspaper report that turned into a doctorate thesis. There is not a formal religious component in journalism. But, due to a personal disposition, professional ethos or tradition, the journalist’s religiousness comprises a sense of promotion of truth and justice. Journalists exercise a peculiar omnipotence when they select events that they consider worth publishing. The fundamental connection between the press and time confers a specific eternity on it, once the occurrence of non-stop editions points out a return to the eternal present. We conclude that the “religious” characteristic of journalism appears as rituals of place and time, of people and discourse, and also as a mystic of vocation, mission and suffering. Those conditions can also be a “heroic” disguise for the exploitation of workers.
Key words: Journalism; Religious phenomenon; Ritual; Mystic.
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