MULHERES NEGRAS E RESILIÊNCIA aprendendo com orixá Oxum

Conteúdo do artigo principal

Gilmara Santos Mariosa
Sônia Maria Corrêa Lages

Resumo

As mulheres negras experienciam, cotidianamente, situações de opressão, seja pelo preconceito e discriminação racial, seja pelo de gênero, o que as coloca em constante conflito e sofrimento psíquico. Diante disto, este ensaio pretende refletir sobre a possibilidade de as religiosidades afro-brasileiras, em destaque, o candomblé, se constituírem como um território promotor de saúde mental, uma vez que oferecem um repertório simbólico importante para a promoção de comportamentos resilientes diante das adversidades. Serão analisadas três narrativas míticas sobre a orixá Oxum, divindade dos rios e das cachoeiras, compreendendo-as como potenciadoras de capacidades e qualidades, que podem produzir novos sentidos e ações de resistência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
MARIOSA, Gilmara Santos; LAGES, Sônia Maria Corrêa. MULHERES NEGRAS E RESILIÊNCIA: aprendendo com orixá Oxum. INTERAÇÕES, Belo Horizonte, v. 17, n. 1, p. 34–53, 2022. DOI: 10.5752/P.1983-2478.2022v17n1p34-53. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/interacoes/article/view/25752. Acesso em: 21 ago. 2025.
Seção
ARTIGOS
Biografia do Autor

Gilmara Santos Mariosa, UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

Doutora em Psicologia pela UFMG. Mestre em Psicologia Social pela UERJ. Faculdade Machado Sobrinho. Brasil. ORCID 0000-0002-6751-1978. E-mail: gilmaramariosa@yahoo.com.br.

 

 

Sônia Maria Corrêa Lages, UFJF

Doutora em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pelo Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com pós-doutorado na mesma área. Universidade Feral de Juiz de Fora. Brasil. ORCID 0000-0003-4141-4683. E-mail:  soniarclages@gmail.com.

Referências

ARAÚJO, Ceres Alves de; MELLO, Maria Aparecida; RIOS, Ana Maria Galrão. (Orgs.). Resiliência: teoria e práticas de pesquisa em psicologia. São Paulo: Ithaka Books, 2011.

ARRAES, Jarrid. Heroínas negras brasileiras: em 15 cordéis. São Paulo: Pólen, 2017.

AUGRAS, Monique. O Duplo e a Metamorfose: a identidade mítica em comunidades nagô. Petrópolis: Vozes, 2008.

BIACHINI, Daniela Cristina Silva; DELL”AGLIO, Daniela Dalbosco. Processos de resiliência no contexto de hospitalização: um estudo de caso. Paidéia, 16 (35). Ribeirão Preto, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/paideia/a/5tYyPZFRYXdTyZHPktKzqdC/?lang=pt. Acesso em 26 abr. 2019.

BIRMAN, Patrícia. Transas e transes: sexo e gênero nos cultos afro. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v.13, n.2, p.403-414, 2005.

CAPUTO, Stela Guedes. Educação nos terreiros: como a escola se relaciona com crianças de candomblé. Rio de Janeiro: Pallas, 2012.

CHEQUINI, Maria Cecilia Manegatti. A relevância da e

spiritualidade no processo de resiliência. Psicologia Revista, São Paulo, v. 16, n. 1 , p. 93-117, 2007.

CLARKE, John .Henrik. Rainhas Guerreiras Africanas. Tradução de Jackeline Romio. In: SERTIMA,, Ivan Van (Org.). Black women in Antiquity. Santa Fe: 1984.Disponível em:

https://banhodeassento.files.wordpress.com/2010/05/africanwarriorqueens1.pdf

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DIAS, João Ferreira. “Candomblé é a África”. Esquecimento e utopia no candomblé jeje-nagô.In: Cadernos de História. Belo Horizonte, v.17, n.26, 2016.

ELIADE, Mircea. Mito do eterno retorno. São Paulo: Mercuryo, 1992.

FARIAS, João Pedro. As contribuições dos itans na nação ketu-nagô para o ensino formal eu empoderamento das crianças no candomblé. In: Opará, Movimentos Sociais e Educação, 2018. Disponível em: http://www.revistas.uneb.br/index.php/opara. Acesso em 19 mai 2020.

FERRETTI, Mundicarmo. Matriarcado em terreiros de Mina do Maranhão - realidade ou ilusão? Revista Ciências Humanas: Dossiê Religião e religiosidade, Viçosa, v.5, n.1, p.11-20, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/RCH/article/view/3590. Acesso em 30 mai. 2021.

FIGUEIREDO, Luciano. Mulheres nas Minas Gerais. In: DEL PRIORI, Mary (Org.). História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2017.

FRY, Peter. Para inglês ver. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

GOMES, Elaine Cristina Marcelina. Mãe Regina de Bamboxê: diálogos entre Rio de Janeiro e Salvador, uma história social do axé.2012.140f. Dissertação (Mestrado em História) Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, 2012.

KILEUY, Odé; OXAGUIÃ, Vera de. O candomblé bem explicado: Nações Bantu, Iorubá e Fon.Rio de Janeiro: Pallas, 2018.

LAGES, Sônia Regina C. Possessão e inversão da subalternidade: com a palavra, Pombagira das Rosas. Psicologia e Sociedade, Belo Horizonte, v.24, n.3. , 2012.

LAGES, Sônia Regina C.; D'ÁVILA NETO, Maria Inácia. Vida cigana: mulheres, possessão e transgressão no terreiro de terreiro de umbanda. Pesquisas e Práticas Psicossociais, São João Del-Rei, v. 2, n.1, p. 12-17, 2007.

LANDES, Ruth. A cidade das mulheres. Rio de janeiro: Editora UFRJ, 2002.

LOPES, Nei. Novo Dicionário Banto do Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2012.

LOPES, Nei. Kitábu: o livro do saber e do espírito negro-africano. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2005.

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1995.

NOGUEIRA, Sidnei. A verdade sobre a intolerância religiosa é branca: mais um dos tentáculos do racismo. In:

CARNEIRO, Sueli. Intolerância Religiosa. Feminismos Plurais. São Paulo: Jandaíra, 2020, p. 81-117.

NOVAES, Priscila. Herdeiras do ganho: Mulheres negras, suas memórias transatlânticas e o mercado informal. In: Novaes, Priscila (Org.). Ajeum: o sabor das deusas. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2017. p. 21 – 31

PARÉS, Luis Nicolau. A formação do candomblé. História e ritual da nação jeje na Bahia. São Paulo: Editora Unicamp, 2020.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixás. São Paulo: Companhia das letras, 2001.

PRESTES, Clélia Rosane dos Santos. Feridas até o coração, erguem-se negras guerreiras. Resiliência em mulheres negras: transmissão psíquica e pertencimentos. 2013.176 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) Universidade de São em Psicologia, São Paulo, 2013.

RUTTER, Michael. Resilience in the face of adversity: Protective factors and resistance to psychiatric Disorder. British Jornal of Psuchiatry, Cambridge, v. 147, n.6, p. 598-611, 1985.

SANTOS, Gisele Cristina dos Anjos. Somos Todas Rainhas. São Paulo: Associação Frida Kahlo e Articulação Política de Juventudes Negras, 2011.

SANTOS, Ivanir. et. al. (Org.) Intolerância Religiosa no Brasil: relatório e balanço. Rio de Janeiro: Kline: CEAP, 2017.

SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte. Petrópolis: Vozes, 1986.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital. Mulheres negras no Brasil. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007.

SILVA, Marlise Vinagre. Gênero e religião: o exercício do poder feminino na tradição étnico-religiosa iorubá no Brasil. Revista de Psicologia UNESP, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 128-131, 2010.

SILVA, Vagner Gonçalves da. Neopentecostalismo e religiões afrobrasileiras: significados do ataque aos símbolos da herança religiosa africana no Brasil contemporâneo. Revista MANA, Rio de janeiro v. 13, n. 1, p. 207-236, 2007.

SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda. São Paulo: Ática, 1994.

VERGER, Pierre. Uma rainha africana mãe de santo em São Luís. Revista USP, n. 6, v. 01, p. 151-158, 1990.