A SOLICITUDE LIBERTADORA NO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO DE ADOLESCENTES NA ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Parole chiave:
Acompanhante terapêutico, Inclusão escolar, Fenomenologia, Relato de experiênciaAbstract
Este relato visa discutir a prática do Acompanhamento Terapêutico (AT) em escolas, com base na experiência de estágio da autora, acompanhando dois alunos em um colégio particular ao longo de um ano letivo. Os acompanhados foram uma estudante de 14 anos, diagnosticada com Transtorno Opositor Desafiador (TOD) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e um aluno de 15 anos, diagnosticado com autismo e esquizofrenia. A narrativa busca fazer um relato de experiência dessa atuação como AT e das relações estabelecidas com esses alunos, trançando-as com a literatura científica psicológica fenomenológica que versa sobre a relação de cuidado que se dá entre a profissional da psicologia e o(a) adolescente acompanhado, para refletir sobre as técnicas tradicionais de acompanhamento terapêutico em comparação com uma atenção singularizada focada na relação humana, tal como preconizada pela psicologia fenomenológica. Os relatos mostram dois modos de se estar com as existências assistidas: a preocupação substitutiva e a solicitude libertadora. No modo da preocupação substitutiva, identifica-se o problema a ser resolvido - o comportamento disruptivo em sala de aula, o baixo desempenho escolar - e busca-se soluções para esses problemas. Entretanto, foi descoberto, ao se adotar a atitude de solicitude libertadora, que a relação pessoal singular preservou a autonomia destes alunos, e estimulou posicionamentos criativos que contradizem os diagnósticos. Nesse sentido, esse modo de cuidado foi favorecedor de um existir mais autêntico, que abre novas perspectivas de futuro para esses jovens. Consideramos que compartilhar esta experiência pode contribuir para que mais profissionais se coloquem abertos a se aproximar das existências que estão acompanhando antes de colocar-se com elas como problemas a resolver. Ademais, esperamos que estas reflexões forneçam exemplos de prática psicológica fenomenológico-existencial em contexto escolar.
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