Entre retirantes e flagelados:

palavras e significações dos sertanejos migrantes em testemunhos da seca de 1877 no Ceará

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2237-9967.2024v13n24p101-120

Palavras-chave:

Seca de 1877, Retirante, Sertanejo, Flagelado, Testemunho

Resumo

Com a demarcação da seca de 1877, as ondas migratórias à Fortaleza mobilizaram a nomeação de sujeitos tidos como “estranhos” tomando-os como retirantes e flagelados. Diferente de sinônimos, as palavras constituem-se como significações distintas que consideram condições de possibilidades das agências em meio a um dado espaço-tempo. Nessa direção, este artigo mobiliza, principalmente, textualizações de Rodolpho Teóphilo e de José do Patrocínio a fim de discutir as proposições de sentidos em que tais palavras se enredam como desígnios à presença do sertanejo em espaços urbanos; e, com isso, firmam-se como testemunhas das relações com a seca.

 

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Biografia do Autor

Daniel Macêdo, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bolsista da CAPES e integrante do Núcleo de Estudos Tramas Comunicacionais: Narrativa e Experiência.

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Publicado

16-12-2024

Como Citar

MACÊDO, Daniel. Entre retirantes e flagelados:: palavras e significações dos sertanejos migrantes em testemunhos da seca de 1877 no Ceará. Dispositiva, Belo Horizonte, v. 13, n. 24, p. 101–120, 2024. DOI: 10.5752/P.2237-9967.2024v13n24p101-120. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/dispositiva/article/view/P.2237-9967.2024v13n24p101-120. Acesso em: 20 ago. 2025.