Entre retirantes e flagelados:
palavras e significações dos sertanejos migrantes em testemunhos da seca de 1877 no Ceará
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2237-9967.2024v13n24p101-120Palavras-chave:
Seca de 1877, Retirante, Sertanejo, Flagelado, TestemunhoResumo
Com a demarcação da seca de 1877, as ondas migratórias à Fortaleza mobilizaram a nomeação de sujeitos tidos como “estranhos” tomando-os como retirantes e flagelados. Diferente de sinônimos, as palavras constituem-se como significações distintas que consideram condições de possibilidades das agências em meio a um dado espaço-tempo. Nessa direção, este artigo mobiliza, principalmente, textualizações de Rodolpho Teóphilo e de José do Patrocínio a fim de discutir as proposições de sentidos em que tais palavras se enredam como desígnios à presença do sertanejo em espaços urbanos; e, com isso, firmam-se como testemunhas das relações com a seca.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE JR., Durval. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Ed. Cortez, 2011.
ALBUQUERQUE JR., Durval. As imagens retirantes: a constituição da figurabilidade da seca pela literatura do final do século XIX e do início do século XX. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 33, n. 61, p. 225-251, jan./abr. 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-87752017000100010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/vh/a/JVJF8gfD7f8SHFHBvX9twjm/?lang=pt. Acesso em: 10 set. 2024.
ALBUQUERQUE JR., Durval. Falas de angústia e de astúcia: a seca no imaginário nordestino – de problema a solução. 1998. 435f. Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998.
ALBUQUERQUE JR., Durval. Nordestino – invenção do falo: uma história do gênero masculino. São Paulo: Intermeios, 2013.
ALBUQUERQUE JR., Durval. Palavras que calcinam, palavras que dominam: a invenção da seca do Nordeste. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 28, p. 111-120, 1995.
CÂMARA, João. Almanach Estatístico, Administrativo, Mercantil, Industrial e Literário do Estado Ceará para o ano de 1932. Fortaleza: Est. Gráfico Urania, 1933.
DIAS, João de Deus Oliveira. O Problema Social das Secas em Pernambuco. Recife, 1949.
ESTADO DO CEARÁ. Mensagem do Presidente do Estado Tenente Coronel Dr. José Freire Bezerril Fontenelle à Assembléa Legislativa do Ceará em sua 2ª sessão ordinária da 1ª Legislatura. Fortaleza: Typografia da República, 1883.
FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas: uma Arqueologia das Ciências Humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FREYRE, Gilberto. O Nordeste. São Paulo: Global Editora, 2004.
IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Formação do Território e Evolução Político-Administrativa do Ceará: A Questão dos Limites Municipais. Fortaleza: Ipece, 2010.
IPLANCE – Instituto de Pesquisa e Informação do Ceará. Macrocefalia de Fortaleza: suas raízes. Fortaleza: Iplance, 1982.
LEAL, Bruno. Do texto à textualidade na comunicação: contornos de uma linha de investigação. In: LEAL, Bruno; CARVALHO, Carlos Alberto; ALZAMORA, Geane (Orgs.). Textualidades midiáticas. Belo Horizonte: PPGCom UFMG, 2018.
LEAL, Bruno; MACÊDO, Daniel. “Dar fé” à catástrofe cotidiana: a multidimensionalidade dos acontecimentos. E-Compós, v. 27, 2024. DOI: https://doi.org/10.30962/ec.2680. Disponível em: https://e-compos.emnuvens.com.br/e-compos/article/view/2680. Acesso em: 10 set. 2024.
MACÊDO, Daniel; SANTANNA, Caroline; ALVES, Poliana. Mirando montagens nas encarnações da Secca de 1877/78 em fotografias de corpos flagelados. Revista Eco-Pós, v. 27, n. 1, 2024.
MARTINS, Bruno et al. Experiências metodológicas em textualidades midiáticas. Belo Horizonte: Relicário, 2019.
MARTINS, Paulo Henrique. Escravidão, abolição e pós-abolição no Ceará: sobre histórias, memórias e narrativas dos últimos escravos e seus descendentes no sertão cearense. 2012. 128f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, 2012.
MENEZES, Djacir. O outro Nordeste: formação social do Nordeste pastoril. 3. ed. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2018.
NEVES, Berenice. Engenheiro e a província: Adolfo Herbster e o Ceará na segunda metade do século XIX. Fortaleza: Biblioteca Carlos Studart do Museu do Ceará, 1993.
NEVES, Frederico. A miséria na literatura: José do Patrocínio e a seca de 1878 no Ceará. Tempo, Dossiê: Cidadania e Pobreza, v. 11, n. 22, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-77042007000100005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tem/a/ghZbw7DKZHPng5VSdL4VTkv/?lang=pt. Acesso em: 21 ago. 2024.
NEVES, Frederico. A multidão e a história: saques e outras ações de massas no Ceará. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000a.
NEVES, Frederico. A seca na história do Ceará. In: SOUZA, Simone. Uma nova história do Ceará. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2000b.
NEVES, Frederico. Estranhos na Belle Époque: a multidão como sujeito político (Fortaleza, 1877-1915). Trajetos – Revista de História UFC, Fortaleza, v. 3, n. 6, 2005.
NEVES, Frederico. O discurso oculto dos retirantes das secas. Raízes, Campina Grande, v. 33, n. 2, p. 67-81, 2013. DOI: https://doi.org/10.37370/raizes.2013.v33.390. Disponível em: https://raizes.revistas.ufcg.edu.br/index.php/raizes/article/view/390. Acesso em: 20 ago. 2024.
NEVES, Frederico de Castro. A memória do espaço e o espaço da memória: a seca na construção imaginária do Nordeste. 1992. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1992.
SEGATO, Rita. La nación y sus otros: raza, etnicidad y diversidad religiosa en tiempos de la politica de identidad. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2007.
SELLIGMANN-SILVA, Márcio. A virada testemunhal e decolonial do saber histórico. Campinas: EdUnicamp, 2022.
TEÓPHILO, Rodolpho. A Seca de 1915. 2. ed. Fortaleza: Ed. UFC, 1982.
TEÓPHILO, Rodolpho. História das Seccas do Ceará (1877-1880). Fortaleza: Imprensa Inglesa, 1922.
TEÓPHILO, Rodolpho. Seccas do Ceará (século XIX). Fortaleza: Minerva, 1901.
VIEIRA, Tanísio. Seca, disciplina e urbanização: Fortaleza – 1865/1879. In: SOUSA, Simone; NEVES, Frederico de Castro; VIEIRA, Tanísio (Orgs.). Seca. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Daniel Macêdo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados na Dispositiva pertencem ao(s) autor(es) do texto, com base nas normas da Editora PUC Minas. A revista tem direito à primeira publicação do artigo, registrado sob uma licença de compartilhamento Creative Commons CC BY 4.0. A licença permite o compartilhamento e adaptação do texto, sempre com atribuição de créditos, sem restrições adicionais. Solicita-se ao(s) autor(es) assinalar(em) o termo-declaração que expressa a afirmação da autoria, originalidade e ineditismo do texto, durante a submissão, conforme os termos abaixo:
- Ao submeter à Dispositiva, pessoas autoras mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho sendo publicado sob uma licença Creative Commons na modalidade atribuição, uso não comercial e compartilhamento pela mesma licença (CC BY 4.0).
- Ao submeter à Dispositiva, pessoas autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e menção à publicação inicial nesta revista.