Religião e linguagem: uma leitura da religião na Escrita do Deus de Jorge Luis Borges
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Resumo
Nietzsche é considerado figura de vital importância na crítica a certa “inflação do sentido” verificada no pensamento ocidental, tanto no que diz respeito à tradição filosófica quanto no que concerne ao Cristianismo. Esse caráter tirânico do sentido fortaleceu sua crítica que, em geral, conclui que todo sentido deriva do fenômeno, que é a representação subjetiva e interpretativa do mundo. Mesmo que não tenha sido a intenção de Nietzsche, suas reflexões ensejaram novos parâmetros para a compreensão da religião em bases não metafísicas. Por outro lado, temos o escritor Jorge Luis Borges, que parece aquiescer à crítica nietzschiana da assimetria entre mundo e linguagem. O escritor argentino relativiza a relação direta entre linguagem e mundo, o que coloca os limites da metáfora em um lugar de importância significativa. Além de uma aproximação criativa entre o filósofo alemão e o escritor argentino, destacamos a percepção borgeana da realocação de conteúdos metafísicos envelhecidos para o universo ficcional e criativo da literatura fantástica. Nesse sentido, a partir das teorias da linguagem, devedoras que são dessa tradição que remonta a Nietzsche, o presente artigo propõe uma compreensão da religião a partir do conto A Escrita do Deus, de Borges.
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