O discurso religioso das Cartas Tupis (1645)

Contenu principal de l'article

Leandro Vilar Oliveira

Résumé

As Cartas Tupis são raros documentos coloniais que foram redigidos no antigo idioma tupi e apresentam a conversa de quatro importantes chefes indígenas do povo Potiguara: Antônio Felipe Camarão, Diogo Pinheiro Camarão, Pedro Poti e Diogo da Costa, os quais foram capitães durante o contexto do Brasil Holandês (1630-1654). O presente artigo analisou o discurso religioso dos Camarões e Costa que eram católicos, e de Poti, que era calvinista, em que através do apelo a fé, tentaram convencer uns aos outros de desertar e unir-se a sua causa. Tal acontecimento ocorreu em meio as batalhas da Guerra de Restauração (1645-1654), em que os portugueses tentaram novamente expulsar os neerlandeses. As cartas refletem não apenas o cenário bélico da época, mas principalmente a mentalidade religiosa do período, referente ao contexto das guerras religiosas.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Renseignements sur l'article

Comment citer
OLIVEIRA, Leandro Vilar. O discurso religioso das Cartas Tupis (1645). HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, Belo Horizonte, v. 23, n. 01, p. e230106, 2025. DOI: 10.5752/P.2175-5841.2025v23n01e230106. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/horizonte/article/view/32231. Acesso em: 19 oct. 2025.
Rubrique
Artigos/Articles: Temática Livre/Free subject
Biographie de l'auteur-e

Leandro Vilar Oliveira, Universidade Federal da Paraíba

Doutor em Ciências das Religiões e Mestre em História e Cultura Histórica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Doutorando em História e Cultura Histórica pela mesma universidade. País de origem: Brasil. ORCID: 0000-0001-8905-9727. E-mail: vilarleandro@hotmail.com.

Références

BOXER, Charles Ralph. Os holandeses no Brasil: 1624-1654. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1961. (Coleção Brasiliana, vol. 312)

BRITO, Sylvia Brandão Ramalho de. A dialética do castigo: histórias de um frade no Brasil holandês. João Pessoa, 2012. 175f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Paraíba.

CALADO, Manuel. O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade. Lisboa: Paulo Craesbeeck, 1648.

CASTRO, Eduardo Viveiro de. O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem. Revista de Antropologia (USP), São Paulo, v. 35, p. 21-74, 1992.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

CORVISIER, André. Armies and societies in Europe, 1494-1789. Translation Abigail T. Siddall. Bloomington: Indiana University Press, 1979.

COSTA, Bruno Balbino Aires da. A retórica da naturalidade: a pátria de Felipe Camarão como um problema historiográfico. Anos 90, Porto Alegre, v. 26, p. 1-15, 2019.

COSTA, Regina de Carvalho Ribeiro da. A prática discursiva potiguara em meio às guerras luso-holandesas: A participação política dos brasilianos. Acervo, Rio de Janeiro, v. 34, n. 2, p. 1-23, 2021.

ELIAS, Juliana Lopes. Militarização indígena na Capitania de Pernambuco no século XVII: o caso Camarão. Recife, 2005. 164f. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal de Pernambuco.

ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. Tradução de Robinson Malkomes, Valdemar Kroker e Tiago Abdalla Teixeira Neto. São Paulo: Vida Nova, 2015.

HEIJER, Henk den. The Dutch West India Company, 1621-1791. In: POSTMA, Johannes; ENTHOVEN, Victor (eds.). Riches form Atlantic commerce: Dutch Transatlantic Trade and Shipping, 1585-1817. Leiden/Boston: Brill, 2003, p. 77-114.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Tradução Laura Fraga de Almeida Sampaio. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

GARCIA, Rodolfo (org.). Obras do Barão do Rio Branco VI: Efemérides Brasileiras. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012.

HULSMAN, Lodewijk. Índios do Brasil na República dos Países Baixos: as representações de Antônio Paraupaba para os Estados Gerais em 1654 e 1656. Revista de História (USP), São Paulo. n. 154, p. 37-69, 2006.

JESUS, Rafael de. Castrioto Lusitano ou história da guerra entre Brazil e a Hollanda, durante os anos de 1624 a 1654. 2ª ed. Paris: publicado por J. P. Aillaud, 1844.

KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

LE GOFF, Jacques. O Deus da Idade Média: Conversas com Jean-Luc Pouthier. Tradução de Marcos de Castro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

LIMA, Danilo Pereira. O leviatã e as guerras religiosas no século XVII: uma análise do estado absolutista a partir de Thomas Hobbes. Revista do Direito Público. Londrina. v. 19, n. 1, p. 9-30, 2015.

MARAVALL, José Antônio. A cultura do Barroco: Análise de uma Estrutura Histórica. Tradução Silvana Garcia. São Paulo: Editora da USP, 2009.

MELLO, Evaldo Cabral de. O Brasil holandês. São Paulo: Penguin Classics, 2010.

MELLO, José Antonio Gonsalves de. Tempo dos flamengos: influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Topbooks/Instituto Ricardo Brennand, 2001.

MEUWESE, Mark. Brothers in Arms, Partners in Trade: Dutch-indigenous Aliances in the Atlantic World, 1595-1674. Leiden: Brill, 2012.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 37. ed. São Paulo: Cultrix, 2008.

MOONEN, Frans; MAIA, Luciano Mariz (orgs.). Etnohistória dos índios Potiguara. João Pessoa: Procuradoria da República na Paraíba/Secretaria da Educação e Cultura do Estado da Paraíba, 1992.

NAVARRO, Eduardo de Almeida. Transcrição e tradução integral anotada das cartas dos índios Camarões, escritas em 1645 em tupi antigo. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém. v. 17, n. 3, p. 1-49, 2022.

NIEUHOF, Johann. Memorável viagem marítima e terrestre pelo Brasil. Tradução de Moacir N. Vasconcelos, introdução, revisão e notas de José Honório Rodrigues. São Paulo: Livraria Martins, 1942.

OLIVEIRA, Leandro Vilar. Guerras luso-holandesas na Capitania da Paraíba (1631-1634): um estudo documental e historiográfico. João Pessoa, 2016. 255f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Paraíba.

OLIVEIRA, Leandro Vilar. “Cruzada Brasílica”: o discurso bélico-religioso de clérigos durante o Brasil Holandês. Clio: Revista de Pesquisa Histórica. Recife. v. 39, p. 397-419, 2021a.

OLIVEIRA, Leandro Vilar. A Insurreição Paraibana contra os holandeses (1645-1647): uma síntese histórica. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, a. 182, n. 486, p. 15-42, 2021b.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 10. ed. Campinas: Pontes Editores, 2012.

POMPA, Cristina. Religião como tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil colonial. Bauru: EDUSC, 2003.

SAMPAIO, Theodoro. Cartas tupis dos Camarões. Revista do Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano, Recife. v. XII, n. 68, p. 201-305, 1906.

SARAIVA, Antônio José. História da literatura portuguesa. 16. ed. Lisboa: Porto Editora, 1993.

SCHWARTZ, Stuart B. The Voyage of the Vassals: Royal Power, Noble Obligations, and Merchant Capital before the Portuguese Restoration of Independence, 1624-1640. The American History Review, Oxford. v. 96, n. 3, p. 735-762, 1991.

SOUTO MAIOR, Pedro. Fastos Pernambucanos. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro. t. LXXV, parte I, p. 259-504, 1913.

VAINFAS, Ronaldo. A heresia dos índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial. 2. reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

VAINFAS, Ronaldo. O Plano para o Bom Governo dos Índios: um jesuíta a serviço da evangelização calvinista no Brasil holandês. Clio. Recife. n. 27, v. 2, p. 145-162, 2009.

VIRAÇÃO, Francisca Jaquelini de Souza. Igreja Reformada Potiguara (1625 – 1692). A Primeira Igreja Protestante do Brasil. São Paulo, 2012. 98f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Presbiteriana Mackenzie.