É realmente com grande prazer que apresentamos mais um dossiê e, desta vez, como tema Epistemologia feminista. Sabe-se como a ciência moderna passou a se construir sobre bases de experiências específicas e situacionais, a filosofia não podendo se furtar a ampliar suas perspectivas epistemológicas nesse sentido. Não se trata apenas de recepcionar o reino da doxa em detrimento ao da episteme, mas de trazer para o próprio campo epistemológico uma maior amplitude cognitiva, que aborda a dimensão corpórea, sensitiva, e, pois, novas certezas e evidências. Nesse propósito também se questiona tudo o que gira ao redor da construção de um sujeito racional, universal e capaz de conhecimento objetivo, o qual ora se vê face a face com um novo espaço cultural – isto é, um espaço de recepção ao âmbito privado, pleno de relações paradoxais, sem quais quer veios de neutralidade e, pois, receptivo às vozes de um feminino heterogêneo que ressoa ao longo da cultura.