Referindo-se ao ato com o qual o homem dispõe definitivamente de si mesmo, a palavra suicídio (do latim: sui + caedesa morte de si)  é, de certa forma, recente. Ao que tudo indica, o termo aparece apenas no ano de 1737, alcunhado pelo abade Desfontaines (1684-1745) ao escrever um dos artigos para a Grande Enciclopédia. A partir dessa época, o termo ganha fama e passa a traduzir, quase que indiscriminada e universalmente, toda ideia de autoextermínio, também com relação ao pensamento antigo e medieval. Assim, "apoktinnúnai eauton", "eauton diaftheíranti", "mors voluntaria", "seipsum necat"; "seipsum occidere" etc passam a significar suicídio quase com o mesmo peso semântico da época iluminista, era da crianção de "direitos", período em que o termo foi criado. Isso evidencia o quanto é ambíguo falar de suicídio também in litteris e na compreensão do próprio ato em si mesmo. Semelhante ambiguidade é que provocou à Sapere aude a construção do presente dossiê: Filosofia e suicídio.      

Publicado: 06-09-2024

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